A Quinta do Saldanha em Sintra situa-se na rua Marechal Saldanha e é vizinha com a conhecida fonte da Sabuga, que lhe deve o seu primeiro nome. Anteriormente era designada por Quinta da Sabuga.
A estrutura do edifício da Quinta do Saldanha ou Quinta da Sabuga desenvolve-se em L. A fachada austera integra-se, de certa forma, no contexto da arquitectura áulica tradicional da região, sobretudo no que respeita ao enfiamento das janelas e à disposição dos telhados. Porém, aqui manifestam-se já alguns sinais do neo-gótico, tão caro aos românticos.
Precede a branca fachada, onde se espalham pontiagudas janelas góticas, um pórtico moldado ao jeito medieval, encimado por urna varanda de parapeito condizente.
O interior do edifício da Quinta do Saldanha reflecte a dualidade entre a medievalidade e o “moderno”. Assim, ali destaca-se o cuidado arranjo dos espaços, sobretudo a nível dos frescos que cobrem as paredes das principais salas, cuja temática é de nítida inspiração medieval, ou ainda clássica, mas onde se evidenciam características ambientais românticas.
Nesse contexto refira-se, pois, a pintura que ornamenta um quarto do primeiro andar «o olhar alcança ao longe a Serra de Sintra, a Pena, o Castelo dos Mouros, e o Palácio da Vila».
Quinta do Saldanha – Interior
Por volta de 1834 foi renovado e aponta laivos góticos na arcaria quebrada dos vãos alinhados em sobreposta monotonia, sendo a fachada principal precedida de grandioso balcão com abóbadas cruzadas de ogiva e percorridas por expressivas nervuras que assentam em mísulas e colunas de fuste redondo.
No interior, constata-se a mesma indefinição programática dos espaços, onde «sobre de espaços modernos é proposta uma soberba decoração medieval».
Quinta do Saldanha – Frescos
Os frescos que cobrem as principais salas do edifício corroboram também esta indecisão, pois, ali subsistem pinturas de recorte classicizante, mas que se submergem no espírito romântico, em particular no tratamento dado às paisagens, com destaque para a grandiosa figuração das principais enunciações sintrenses, a Serra, o Castelo dos Mouros, o Palácio da Vila e o próprio Palacete Saldanha, à época exteriormente pintado com listado azul e branco, com realces ocres.
O Duque de Saldanha ensaiou também um programa manuelino na sua Quinta, exortando a chamada arte nacional.
- Primeiro aquando do reaproveitamento de pórtico manuelino proveniente do desactivado cenóbio da Penha Longa.
- Seguindo-se a construção da fonte neo-manuelina adornada com citações de Os Lusíadas, em 1935, e,
- Trinta e cinco anos depois, com a erecção do monumento à Fé, no mesmo estilo e segundo desenho do arquitecto Possidónio da Silva, o qual ostenta, no pedestal, epígrafe da autoria do próprio marechal-duque:
O AMOR DE DEUS, DO QUAL NASCE
O AMOR DA FAMÍLIA, DO QUAL DERIVA
AMOR DA PÁTRIA, E SÓ O QUE PODE ASSEGURAR-NOS
A FELICIDADE NA TERRA, NO CÉU, A BEM AVENTURANÇA.
O MARECHAL DUQUE DE SALDANHA, 1870.
A capela integra-se no corpo nascente do edifício e detém idêntica sobriedade, salientando-se apenas a existência, na fachada principal de um magnífico pórtico manuelino original, o qual provém do Convento da Penha Longa.
A partir de 1820, João Carlos Gregório Domingues Francisco de Saldanha Oliveira e Daun (1790-1876), neto materno do Marquês de Pombal, passou a estanciar em Sintra, quer porque a Corte – que frequentava assiduamente — aí permanecia então largas temporadas, quer porque se sentiu atraído pela beleza da região.
Quinta do Saldanha – Construção Inicial
Assim, em 1830, mandou construir, a caminho do Arrabalde, numa quinta implantada sobre altaneiro socalco da Serra e à sombra do Castelo, envolta em densa e rica vegetação, uma casa de campo e capela, na qual passou parte da sua atribulada vida.
O Primeiro Duque de Saldanha revelou-se um grande político, diplomata e escritor, mas notabilizou-se sobretudo como cabo de guerra.
A Quinta do Saldanha sofreu em 2017 grandes obras de reestruturação, de pintura e isolamento nos edifícios que a compõem e na capela. Faz parte da propriedade desta Quinta a Casa Italiana.