Quinta do Relógio em Sintra

Quinta do Relógio em Sintra

A Quinta do Relógio em Sintra fica localizada na Rua Barbosa du Bogace de fronte da Quinta da Regaleira, entre o Palácio de Seteais e a Quinta do Pizão.

O pavilhão neo mourisco projectado pelo arquitecto Tomás da Fonseca, em 1850, é constituído por três corpos, cujas paredes, de fundo ocre, estão ornadas por largas fachas transversais vermelhas, as quais no sobre elevado e ameado relevo central ocupam apenas a metade inferior, porquanto a restante área encontra-se revestida com motivos geométricos e florais.

Ali, abre-se também galilé enquadrada por três grandes arcos em ferradura sustidos por colunas lisas e capitéis de ornatos depurados.
 
Dentro da galeria rasgam-se outras tantas portas inscritas em arcos ultrapassados, encimados por rosáceas e ostentando, nos intervalos e em cartelas azuis, a divisa árabe dos reis mouros de Granada: «deus é o único vencedor». Frondoso parque envolve este singular edifício romântico.

António Manuel da Fonseca Júnior foi convidado por Manuel Pinto da Fonseca para traçar o projecto da casa da Quinta do Relógio, entretanto por este último adquirida. A casa foi erigida, em meados de oitocentos, e ostenta um vincado sabor arabizante, presente em todo este singular conjunto arquitectónico.

Quinta do Relogio casa

O Palacete então edificado é constituído por um pavilhão central de topo ameado, ao qual se anexam dois corpos mais baixos.

A exótica fachada exterior foi pintada com fachas transversais que, na zona central, apenas ocupam a metade inferior da parede; o restante espaço surge-nos aqui ornamentado com pinturas florais e geométricas de nítida feição árabe.
No alçado principal da casa destacam-se sete curiosas janelas, sobrepujadas por arcos em ferradura.

Ao centro, subsiste uma galeria enquadrada por três grandes arcos em ferradura, os quais são sustidos por delicadas e lisas colunas, encimadas por capitéis decorados com motivos florais.

As riscas horizontais prolongam-se ao longo de toda a galilé, onde se abrem três elegantes portas em ferradura, superiormente contornadas por frescos, similares aos outros já referidos. Aí, entre as portas e as rosáceas que respectivamente as encimam, destaca-se, pintada na parede — a branco sobre fundo azul, e por três vezes repetida —, uma legenda árabe, divisa dos reis mouros de Granada: «Deus é o único vencedor».

O parque desta Quinta não é grande. Porém, distribuem-se, ao longo dos seus jardins, variadas e raras plantas, tais como magnólias, camélias, aurocárias, buxos, fetos arbóreos e fúcsias; as águas dos lagos encontraram-se praticamente cobertas por enormes nenúfares.

A Quinta do Relógio – Proprietários

Esta quinta foi, por legado de um padre Jerónimo, propriedade do 15° Conde do Redondo, D. José de Sousa Coutinho (1789-1 863). Mais tarde, o milionário Metznar adquiriu-a e, nessa altura construiu a primitiva casa da Quinta do Relógio — designação tomada de uma torre com sinos que dava horas ao som de diversos minuetes, mas que entretanto se demoliu.

Também o banqueiro Thomas Horn foi, depois, seu proprietário.

Sob o reinado de D. Pedro V (1853 – 1861), a Quinta passou a novas mãos, desta feita às de Manuel Pinto da Fonseca, rico aventureiro conhecido como “Monte Cristo” (cognome extraído do célebre romance de Dumas, publicado em 1846) e antigo traficante de escravos.

Conta-se que, um dia o rei D. Pedro V passava diante desta casa na companhia do seu amigo o marquês de Sá da Bandeira, este último, ouvindo a doce melancolia de um repuxo, perguntou-lhe: “Senhor, o que é este barulho?”. “certamente a águaNão, senhor, é o sangue dos negros flagelados pelo chicote que este homem transformou em ouro”.

Se as origens deste palácio de estilo árabe edificado em meados do séc XIX por um traficante de escravos são bem conhecidas, em contrapartida sabem-se poucas coisas acerca da história desta propriedade.

Manuel da Fonseca, na esteira do espírito romântico — que em Sintra revelaria a sua feição arquitectónica através da construção dos singulares e exóticos palácios da Pena e de Monserrate —, mandou erguer na Quinta do Relógio uma nova casa (a que ainda hoje subsiste), em exuberante estilo arabizante.

Quinta do Relógio – Jardins

Nos jardins da Quinta do Relógio encontra-se abundante vegetação exótica, plantada desde logo pelos seus primeiros proprietários. Porém, o que deveras fascinou o poeta inglês Robert Southey (1774- 1843) foi a imponência de um magnífico e muito antigo sobreiro — porventura vetusto vestígio da flora indígena —, sobre o qual escreveu:

“Há (…) aqui uma árvore tão grande e tão velha que um pintor deveria vir de Inglaterra só para a ver. Os troncos e os ramos são cobertos de fetos, formando com a folhagem escura da árvore o mais pitoresco contraste”.

Na mansão erigida por Manuel da Fonseca passaram a lua de mel em 1886, D. Carlos de Bragança e D. Maria Amélia de Orleans, futuros reis de Portugal.

Segundo a tradição, D. Amélia, igualmente fascinada com a velha árvore, terá afirmado: “Vale mais a sobreira dos fetos do que Cascais e Estoris, tudo junto” o que lhe levou a ser conhecida pelas gentes de Cascais, Malveira e Estoril como a Vaca da Serra.

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