Ciclone de 19-01-2013 na Serra de Sintra

O Ciclone de 19-01-2013 na Serra de Sintra

O grande Ciclone de 19-01-2013 na Serra de Sintra. Durante a tarde do dia 18 de Janeiro de 2013 o vento forte já se sentia com alguma intensidade em Sintra. O alerta vermelho declarado pelo Instituo Português do Mar e da Atmosfera anunciava com alguma expectativa a previsão de ventos ciclónicos do quadrante norte e noroeste.

Às 22:00 horas o vento já se sentia com grande intensidade, mas nada previa que a sua intensidade fosse aumentar para níveis raramente vistos aqui na Serra de Sintra. Nas pessoas mais antigas, vinha à memória o grande ciclone de dia 15 de fevereiro de 1941, o último grande ciclone da Serra de Sintra.

Cerca das 00:00 horas o vento já se sentia com intensidade muito elevada. Muitos galhos das árvores já tombavam nas estradas e passeios, o lixo dos caixotes juntamente com os sacos de plástico já sobrevoavam o Palácio de Valenças. Os toldos das lojas abanavam vorazmente.

Às 02:00 da manhã o som devorador do vento insaciável era unicamente abafado pelas sirenes dos bombeiros que incansavelmente, circulavam ora vila acima, ora vila abaixo. A incrível força destruidora deste violento ciclone começada então a fazer-se sentir.

Um arruinador estrondo vinha com a queda de grandes pinheiros, era na Volta do Duche na Vila Guedes. Um majestoso pinheiro terminava nesse dia a sua centenária longevidade. Logo depois seguido por outro e mais outro.

Às 4:00 da manhã o vento era de tal forma violento que por vezes era difícil a deslocação apeada. Penso que terá sido por essa hora que o ciclone mostrou toda a sua máxima intensidade. Era hora de recolher para porto seguro.

A destruição causada pelo Ciclone de 19-01-2013

Às 7 horas da manhã, com o vento já relativamente fraco, o temporal mostrava toda a sua destruição. O cenário da vila de Sintra era pavoroso. A circulação era apenas possível aos jipes e camiões dos bombeiros. Dezenas e dezenas de galhos, troncos, bocados de ferros, caixotes, chapéus e muito lixo espalhado no meio das estradas.

A Estrada da Pena junto do Parque das Merendas estava irreconhecível, uma boa centena de árvores caídas obstruíam a estrada na totalidade. Os bombeiros não paravam um segundo, o som das motosserras ecoavam pela estrada fora até ao Chalet Biester. Junto do Chalet uma árvore de grande porte caída na estrada, dificultava a vida a quem a quisesse ultrapassar.

Eram centenas e centenas de árvores caídas apenas nesta estrada. Junto da Quinta Velha dos Lima Mayer os muros estavam todos rebentados como se fossem de papel. Os galhos e troncos eram tantos que para se deslocar 20 metros demorava-se bastante tempo.

O Parque da Pena era uma imensidão de árvores caídas umas por cima das outras. Pinheiros, Eucaliptos, Carvalhos, Cedros, Freixos todos emaranhados numa amalgama de troncos que mais pareciam um novelo de madeira empilhada.

O Parque da Pena foi muito afectado com centenas de árvores caídas. A zona mais afectada foi a Tapada da Vigia junto dos Lagos até à Fonte dos Passarinhos, à Abegoaria e ao Chalet da Condessa com danos materiais na Casa do Guarda/bilheteira.

Fortemente atingidos também o Pinhal de Vale dos Anjos, no Pinhal do Tomado quase tudo destruído, na Encosta do Chá centenas de árvores tombadas, na Quinta de Miramar junto da antiga estrada dos capuchos a destruição era quase completa com centenas de árvores caídas em cima dos muros das propriedades.

Tapada do Mouco, grande destruição com centenas de árvores caídas, zona mais afectada – Penedos Gordos. Danos materiais no Chalet do Mouco.

Tapada do Saldanha – Pouco afectada, Tapada da Fonte Velha – pouco afectada – algumas árvores caídas, Tapada das Roças – Muito afectada – Centenas e centenas de árvores caídas, Tapada de Roma – Muito afectada – Centenas de árvores caídas e desabamento de terras.

Quinta das Sequoias – Muito afectada, muitas árvores caídas sem danos materiais em Habitação, Quintinha da Tapada – muito afectada com centenas de árvores caídas e postes da EDP derrubados, Quinta do Rio das Pedras – pouco afectada com poucas árvores caídas.

Quinta da Bela Vista – Algumas árvores caídas e desabamento de terras, Quinta da Penha Verde – Algumas árvores caídas sem danos materiais nas Capelas e Fontes, Quinta de Seteais – Algumas árvores caídas junto do muro da Penha Verde.

Quinta da Regaleira – Pouco afectada sem danos materiais, Caminho e Quinta do Vale dos Anjos – Muito danificado com centenas de árvores caídas.

Apesar de tudo estes ciclones violentos são fenómenos pouco frequentes em Portugal Continental. No entanto, quando estão criadas todas as condições perfeitas para a sua origem, causam grande destruição e prejuízos incalculáveis para os ecossistemas e para a vida humana.

Segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera foram registados ventos máximos na ordem dos 130 km/h.

Estima-se que o total de árvores caídas no Parque Natural Sintra Cascais no grande ciclone de 19-01-2013 sejam de um valor muito próximo dos 5000 exemplares.

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