O Alto do Monge ou Tholos do Monge fica localizado no cima da estrada dos capuchos na lombada da serra um branco obelisco que se ergue acima dos rochedos quase rasteiros. É o alto do monge com cota de 491 m é o 3º ponto mais elevado de toda a serra, em todo o caso foi tido por ser o mais apropriado para centro de triangulação desta vária zona, pois a pirâmide – vértice geodésico é de primeira classe.
O que notabiliza arqueologicamente o Tholos do Monge é a ruína impressionante de um autêntico túmulo ou cúpula de construção rude. É constituído por pedras e dentro dela se recolheram despojos de quem nos precedeu nestas paragens há cerca de 50 séculos.
Tholos do Monge e Alto do Monge
O Tholos do Monge devia ser um dos mais importantes da sua época pelo género de construção. As ruínas que hoje existem e que se encontram a dois passos da pirâmide geodésica mostram-nos um recinto aproximadamente circular cujo pavimento entulhado teria sido um pouco inferior em nível de terreno circundante.
Tem um diâmetro de 4.5 m, é limitado por uma parede construída com pedras desiguais horizontalmente assentes e cujo alicerce é a própria rocha nativa da montanha. Em 1957 o Dr. Alvares Pereira arqueólogo dizia que a entrada desta cripta reconhece-se ainda por dois calhaus horizontais do fundo da parede primitiva separados um do outro 0.70 m em esquadria na face interna o que permite determinar a espessura de 1.10 m da parede. A sua orientação na bússola é de 200′ ou seja SSO.
Certamente os materiais que compõem o monumento foram escolhidos nas rochas vizinhas como as mais apropriadas pela sua estrutura quer para a parede, quer para a cúpula, em todo o caso algumas pedras apesar de não mostrar vestígios de trabalho podem ter sido afeiçoadas sumariamente na face visível tal é a sofrível regularidade do mesmo. Uma delas na raiz da parede media a espessura de 0.55m e era aparentemente das mais grossas.
Pela sumária descrição deste imponente monumento pré-histórico em visita ai local podemos avaliar o estado de degradação em que o mais importante senão o único túmulo desta serra se encontra e o que é mais lamentável de verificar é que em livros antigos de cerca de 100 anos a sua conservação era ainda muito regular. Um século bastou para que os estragos de que foi alvo destruíssem toda a preciosidade deste monumento.
Diz um destes livros que o monumento do monge ou Lapa do monge como está indicado num pequeno rótulo colocado num exemplar de cerâmica do Museu Geológico permitiu elaborar uma planta em que se distinguem três corpos diferentes.
São eles o recinto circular ou cripta, o vestíbulo descoberto com forma irregular ladeada por paredes de pedra seca de dimensões de 6.50 sobre 6m e um pequeno corredor de ligação que ainda neste tempo era protegido por passado calhau assente e paredes. Media de comprimento 1m e de largura 0.40m a 0.50m. A parede circular tinha ainda 3.50m de altura.
Actualmente nada disto é possível identificar a não ser o círculo da câmara. Este magnifico exemplar de arquitectura dolménica foi atribuída ao período chamado do pleno eneolítico isto é, designação dada à Idade do Cobre ou período de transição da Idade da Pedra Polida para a Idade do Bronze.
Nele foram encontrados
- sílices diversamente afeiçoados que correspondem ao emprego de pedra polida, depois uma grande abundância de grosseira cerâmica fabricada na sua maior parte sem roda de oleiro,
- alguns vasos com o diâmetro de 0.50m na boca e outra adornada de estilo rectilíneo com traços na pasta fresca,
- paralelos angulares e combinados para formarem motivos geométricos, e além destes um
- objecto de grande utilidade apesar de profundamente pré-históricos com pequeno cone de oligisto terroso com sinais inequívocos de ter sido raspado para dele obterem o pó vermelho com o qual corassem a banha destinada a untar ou pintar o corpo.
Entre o mobiliário distingue-se um pequeno vazo de pasta lisa e de forma campanulada. A estes espécimes cerâmicos têm valor cronológico acentuado classificando-os no período do pleno eneolítico de que dos nossos tempos distam aproximadamente 5000 anos e em que o conhecimento industrial do cobre já no ocidente dominava.
Termina aqui a centenária história do Tholos do Monge no Alto do Monge na Serra de Sintra. Num outro píncaro da Serra fica localizado o Penedo de Adrenunes.
Sintra no Pretérito de Félix Alves Pereira