Quinta do Pombal

Quinta do Pombal em Sintra

A Quinta do Pombal em Sintra era parte integrante do antigo convento de S. Tiago do Alto pertenceu aos monges da Pena no Sec. XVI. Situada no local de São Bento, ao lado da actual Quinta de São Bento, chamava-se até há pouco tempo Quinta de São Bento ou Quinta do Bosque.

Em 1705, José Leite de Aguiar e Sebastiana de Menezes doam esta quinta a Catarina Josefa Maria, viúva de Bartolomeu Barros de Castelo Branco, que se casa de novo com Garcia Sanches da Silveira e, em 1732, vende esta Quinta Velha de São Bento.

Sabe-se então que o novo proprietário, Manuel da Motta Fernandes, tanoeiro de profissão em Lisboa, fornece madeira para a Real obra de Mafra, em 1736.
 
Vem em seguida o Marquês de Pombal que arremataria terras em 1768 a mais de uma dezena de pequenos proprietários de castanhais situados nos lugares chamados da Boiça e de São Bento.

A estas aquisições vem juntar-se em 1773 a doação, que lhe é feita pelo Rei D. José, de dois bosques dos domínios reais “para aformosear a Quinta do Bosque” e mais tarde em 1780 a Quinta de São Bento, cedida pelo filho do tanoeiro Gregório, a fim de poder pagar as suas dívidas.

Quinta do Pombal em Sintra
Quinta do Pombal – Traseiras do edifício

Os marqueses de Pombal conservam a propriedade até 1867, mas desfazem-se dela por 10 contos de réis, em proveito do major Astley Campbell Smith, filho de William Smith, Cônsul britânico em Lisboa e D. Eugénia Maria de Meneses Smith, bisneta do Marquês de Marialva.

Era também genro do almirante Sartorius que possui a Quinta de São Tiago, situada a escassas centenas de metros.

A acta da venda menciona as várias construções da seguinte maneira: “casa com pavimento alto e baixo, corraes, pátio, mais oficinas e 3 tanques”.

À volta da velha habitação cujo forno de cozer pão é um dos vestígios, o major reconstrói uma casa toda no sentido do comprimento, trespassada a noroeste por janelas alongadas ao gosto pós-romântico da época.

Muito feliz é o traçado do grande salão, quase medieval, com o seu abobadado onde quatro abóbadas de aresta são sustentadas por uma coluna central.

Quinta do Pombal e Francis Cook

O major não chega a aproveitar-se desta propriedade porque tal como o seu sogro o almirante Sartórios e muitos dos seus vizinhos, em 1873 deixa-se tentar pela oferta sedutora de compra que lhe faz Francis Cook proprietário do Palácio de Monserrate.
 
Depois da Primeira Guerra Mundial Sir Herbert Cook vê-se obrigado a desmantelar pouco a pouco o imenso domínio que o seu pai tinha constituído a volta de Monserrate.

A Quinta do Pombal passa então para Mário Luís de Sousa administrador do banco Fonsecas e Burnay.

Este último procurando dar uma nova amplitude a esta casa de campo aumenta-lhe em parte a altura, rodeia a fachada de sudeste com uma longa galeria de colunas, mas sobretudo numa concepção ao mesmo tempo um tanto ostentatória e arcaizante da decoração recobre-a de azulejos.

Quinta do Pombal - Fonte
Quinta do Pombal – Nascente

Quinta do Pombal – José Basalisa

Mário Luís de Sousa dirige-se a um talentoso pintor de frescos, José Tiago Ferreira Basalisa que curiosamente parece ter desdobrado a sua personalidade para realizar este programa ambicioso. Dádiva inesperada numa época em que as encomendas se tornavam raras.

Mesmo trabalhando na sua oficina na rua da Arrábida em Lisboa independentemente de qualquer fábrica de azulejos nem por isso deixa de se ressentir do academismo que ai reina como podemos ver nos painéis do salão do rés-do-chão e do primeiro andar.
 
A surpresa é tanto maior porque podemos descobrir na galeria um Basalisa completamente diferente. A sua proposta desta vez é convidar-nos a fazer com ele a ronda do proprietário por meio de onze painéis reproduzindo diversos aspectos da vida da Quinta assim como de algumas pochades ilustrando paisagens de Sintra.

Raramente na história de azulejos a natureza foi representada com tanta emoção. Este talentoso pintor de frescos usa aqui o pincel com notável à-vontade dando-nos em grandes traços e num estilo impressionista paisagens um pouco vagas onde os tons de azul, os toques de violeta e de verde se misturam em sábios jogos de luz e de sombra.

Quinta do Pombal - Fonte

De novo nos maravilhamos com Basalisa que depois de ter admirado o espectacular eucalipto gigante (uma das árvores mais espectaculares de toda a Serra de Sintra e a maior em envergadura de toda a região), dá alguns passos e penetra na soberba gruta.

Enquadradas por uma ligeira arquitectura neo-gótica figuras muito serenas: o Cristo, a samaritana, o chefe de mesa, São João Batista, paisagens bíblicas e vastos horizontes aparecem nos três painéis de azulejos azuis e brancos.

Pertencente ainda à Quinta do Pombal a famosa Fonte dos Amores e algumas inscrições Maçónicas junto de um dos portões da quinta.

Actualmente (2010) a Quinta do Pombal foi cedida a Francisco Quevedo Crespo embaixador de Portugal em Bruxelas.

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