Palácio da Quinta da Penha Verde

Quinta da Penha Verde

A Quinta da Penha Verde em Sintra fica situada na Estrada Nova da Rainha pouco depois do Palácio de Seteais junto ao Arco que atravessa o antigamente denominado Estreito de Gibraltar.

A primitiva casa da Quinta da Penha Verde, erguida por D. João de Castro, era simples e de reduzidas dimensões. Posteriormente, o edifício foi largamente ampliado e modificado, adquirindo então o aspecto que lhe reconhecemos actualmente.

A entrada da Quinta e hoje precedida por um singelo pórtico, datável de finais do século XVII, encimado por um frontão triangular ao qual se sobrepõe o brasão dos Castros.

Logo de seguida, um pequeno jardim, ao estilo do século XVIII, enquadra e antecede a mansão. Esta apresenta uma planta algo irregular, integrando-se, todavia, na linha da arquitectura áulica portuguesa tradicional. As ombreiras das portas e janelas são revestidas por largas e simples cantarias.

O seu interior é marcado pela sobriedade, destacando-se, porém deste contexto, o grande salão do piso superior, com tecto de madeira apainelada e com uma pintura central representando um brasão de armas.

Ao longo desta propriedade, encontram-se dispersos, aqui e ali, pequenos pavilhões revestidos a azulejos – sendo um deles ricamente ornamentado com conchas e pedras coloridas fontes, estátuas, cruzeiros e, inclusive, inscrições em sânscrito trazidas da Índia pelo próprio Vice-Rei.

D. João de Castro fez erguer, num pequeno outeiro da sua Quinta, uma capela circular de invocação a Nossa Senhora do Monte, destacando-se no seu interior o tecto abobadado, a nave revestida a azulejos seiscentistas e o reduzido altar-mor.

Sobre este altar, forrado a azulejos mudéjares, encontra-se um baixo-relevo de fino mármore, representando a Sagrada Família, emoldurada e aparentemente sustentada por anjos pintados num painel cerâmico.

Quinta da Penha Verde – Capelas

Posteriormente, já no século XVII foram erguidas na Penha Verde duas outras capelas, também circulares. Refiramos primeiro a de Santa Catarina, cujo frontão triangular ostenta a “roda de navalhas”, símbolo do seu martírio; no interior, aliás bastante simples, apenas se realça o altar com mármores embutidos e, sobre ele, uma antiga imagem de Santa Catarina.

Segue-se a Capela de São João Baptista, interiormente revestida com magníficos azulejos policromados que ilustram a vida e morte de São João; por sua vez, sob um pequeno arco abatido, nasce o altar-mor profusamente decorado com pedras multicolores, conchas e faianças.

Do primitivo edifício – errigido por volta de 1534 por D. Álvaro de Castro – subsistem ainda algumas dependências com cobertura abobadada, às quais se sobrepuseram, sobretudo nos séculos XVII e XVIII, outros volumes que acabaram por definir os contornos do edifício, o qual, apesar do seu classicismo formal, insere-se no contexto da arquitectura áulica de raiz vernacular.

No seu interior do palacete destaca-se o grande salão do piso superior com tecto de madeira ostentando, ao centro, um brasão e a capela de são Brás, datáveis já do século XVII.

Capela da Nossa Senhora do Monte
Capela da Nossa Senhora do Monte na Quinta da Penha Verde em Sintra

Ao longo da propriedade onde a natureza se sobrepõe à arquitectura criando um espaço propício ao prazer e simplicidade da vida campestre, encontram-se dispersos pavilhões, fontanários, estátuas, cruzeiros e, inclusive, inscrições em sânscrito que, segundo a tradição, foram trazidas do Oriente pelo próprio D. João de Castro.

O Vice-Rei, num alto e desafogado cume, fez erguer em 1543 a capela de Nossa Senhora do Monte que terá sido projectada por Francisco de Holanda. Esta capelinha de planta centralizada – à maneira dos antigos templos pagãos – encontra-se interiormente envolvida por elegantes colunas e capitéis de fino lavor que suportam a cúpula, destacando-se, no reduzido altar-mor, um baixo-relevo da Virgem e o Menino, de mármore italiano.

Para além desta pequena joia do renascimento nacional, existem na Quinta da Penha Verde duas outras capelas, também circulares, mas já maneiristas: uma devotada a são João Baptista e integralmente revestida com azulejos figurados, representando o martírio do Santo; e a de Santa Catarina, padroeira dos Castro.

D. João de Castro – D. João de Castro o Vice-Rei da Índia.

D. João de Castro, filho de D. Álvaro de Castro, governador da Casa do Cível e Vedor da Fazenda, e de D. Leonor de Noronha, nasceu em Lisboa, a 27 de Fevereiro de 1500. Na sua juventude foi moço-fidalgo de D. Manuel e, na corte – onde iniciou uma longa e frutífera amizade com o Infante D. Luís – teve como professores alguns dos mais notáveis mestres da época, de entre os quais o célebre matemático Pedro Nunes.

Aos 18 anos, fugiu para Tânger onde serviu com distinção e foi armado cavaleiro por D. Duarte de Meneses, governador da praça forte. Em 1527, regressou a Portugal, tendo então casado com D. Leonor Coutinho. Mais tarde, em 1535, participou, integrado numa armada enviada pelo monarca português, na conquista de Tunes, empresa de Carlos V.

No ano seguinte, D. João de Castro partiu para as Índias. Durante a estada nas terras do Oriente, e paralelamente com a sua já notável actividade militar, redigiu três célebres Roteiros sobre a região, nos quais se revelou um perspicaz investigador e verdadeiro homem de ciência.

De volta à Pátria, em 1542, serviu como capitão-mor da minada. Assim, em 13 de Agosto de 154, D. João de Castro comandou uma expedição contra o pirata Barba-Ruiva, que saqueava as costas mediterrânicas.

Como recompensa o cavaleiro apenas pediu a D. João III que lhe «fosse dado um rochedo com seis árvores», junto à Quinta da Penha Verde, que possuía em Sintra, onde mais tarde construiu a capela de Nossa Senhora do Monte.

Em 1547, foi nomeado governador das Índias, pelo que voltou à Ásia, onde deparou, então, com uma grave crise, porquanto teve de reconquistar a fortaleza de Diu, que entretanto caíra na posse dos muçulmanos. Tomada a cidade, D. João de Castro empreendeu a sua reconstrução.

Para tal contou com o precioso auxílio dos moradores portugueses, chegando inclusivamente a empenhar as próprias barbas, de modo a obter o necessário crédito junto da Câmara de Goa. D. João III honrou-o com o título de Vice-Rei das Índias, distinção suprema atribuída como reconhecimento dos seus gloriosos feitos de armas.

Porém, D. João de Castro morreu três semanas após ter recebido o cargo por isso, não se cumpriu a sua disposição testamentária, na qual pretendia ser sepultado perto da Capela de Nossa Senhora do Monte, na Penha Verde.

No entanto, durante a sua conturbada vida, e enquanto permanecia no País, D. João de Castro passava grandes temporadas na bela Quinta da Penha Verde, onde, num acto de profundo desprezo pelos bens temporais, mandou arrancar todas as árvores de fruto, deixando, pois, a vegetação selvagem crescer livremente.

Aí organizou um importante centro de cultura e de arte, onde estanciaram, para além do Infante D. Luís, os maiores vultos renascentistas em Portugal.

D. Álvaro de Castro, filho de D. João de Castro, foi “capitão-mor de mar” na Índia, vedor da Fazenda e ilustre diplomata, tendo realizado missões em Roma (1562-1564) e em Madrid (1570). Em Sintra, conservou a propriedade inculta, cumprindo assim – entre outros – os votos de seu pai.

Posteriormente, o neto do Vice-Rei, D. Francisco de Castro (1574-1653), bispo inquisidor e doutor em Teologia, fez erguer na Penha Verde as capelinhas de Santa Catarina e de São João Baptista. Data do século XVII a abertura da capela de São Brás, integrada na casa senhorial, bem como a construção de algumas fontes e pavilhões.

Quinta da Penha Verde – Proprietários

António Saldanha de Albuquerque Castro Ribaflra veio a herdar por via materna, a Quinta da Penha Verde. António Castro Ribafria foi governador de Angola e, como recompensa dos serviços prestados à Pátria, D. João V fez-lhe mercê. Falecido em 12 de Agosto de 1723,o seu coração foi inumado defronte da capela de Nossa Senhora do Monte.

Em 1869, a Quinta da Penha Verde foi hipotecada por António Maria de Saldanha Albuquerque Castro Ribafria Pereira, terceiro conde de Penamacor.

Em 1873, a propriedade foi adjudicada a Francis Cook, primeiro Visconde de Monserrate. Já neste século, concretamente em 1913, Álvaro de Saldanha e Castro, herdeiro da Quinta mediante partilha, vendeu-a ao segundo Visconde de Monserrate que depois a vendeu à família Rau.

Actualmente esta magnifica Quinta pertence a um Alemão que a comprou em meados de 1980 e mais não posso dizer para não perturbar a calma dos proprietários.

Para acabar a história da Quinhentista Quinta da Penha veja aqui no artigo Sintra Assombrada mais informações sobre uma notícia de 17 de Outubro de 1982.

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