O Desastre do Avião Francês – Bimotor Dakota foi no dia 1 de Fevereiro de 1947 – Morreram 16 pessoas – 11 passageiros e 5 tripulantes. Salvou-se um único passageiro.
A Serra de Sintra bela na sua imponência e na paisagem única foi esta noite cenário duma espantosa tragédia de aviação que impressionou mais pela proximidade a que se deu da capital.
O aparelho destruído era um bimotor Dakota da linha aérea Paris-Madrid-lisboa explorada pela Air France e que devido à interrupção das relações entre Espanha e França se faz actualmente via Bordéus e pela costa atlântica. O avião partiu de Bordéus as 12.35 e era esperado em Lisboa as 16.50.
Os habitantes de Sintra, de Cascais e das terras vizinhas são unânimes em dizer que ouviram por volta das 18:00 horas o ronco dos motores dum avião encoberto pelo nevoeiro que dava a impressão de lutar contra o temporal.
Desastre do Avião Francês – O prenúncio do acidente
Tudo parece indicar que o piloto tendo-se-lhe avariado o sistema de comunicações sem possibilidade de receber as informações necessárias e sem visibilidade procurou inutilmente orientar-se.
É possível que a única indicação que tivesse fosse o farol do cabo da Roca que estava próximo e que voando naquela zona pretendesse alcançar o campo da granja do marquês a exemplo do que já tem sido feito em casos semelhantes com outros aparelhos da aviação comercial.
E de facto observando-se o local do desastre verifica-se que se o avião voasse alguns metros mais alto ou a algumas dezenas d metros para a direita podia ter muito bem evitado o choque e alcançar aquela pista.
O piloto do Dakota sabendo que a gasolina estava a acabar, privado de comunicações e visibilidade, procurou uma aberta para aterrar. Voando muito baixo a cerca de 500m de altitude, ao passar sobre um muro de pedra solta, a roda da cauda bateu-lhe separando-se do aparelho derrubando muitas pedras e rolando ate um caminho que existe alguns metros mais abaixo.
Entretanto o aparelho pousava no terreno do Dr. Rangel de Sampaio que era proprietário da Peninha, fazendo uns profundos sulcos na terra, atravessou o referido caminho indo chocar com o talude superior, voltando-se, partindo-se e incendiando-se nessa altura.
O piloto com a violência do choque, como aconteceu a outros tripulantes foi projectado fora da cabine só tendo morrido porque deu uma grande pancada com a cabeça no empedrado perdendo muito sangue.
Outro tripulante foi cair decapitado no mesmo caminho, enquanto alguns passageiros ficaram carbonizados ou trucidados e outros encontraram a morte dentro da cabine por terem perdido os sentidos com o choque.
Os bombeiros voluntários de Sintra, cascais e de Alcabideche acorreram com as ambulâncias ate a alguns metros do local procedendo à dificultosa recolha dos cadáveres que se puderam transportar.
O Único Sobrevivente do Desastre do Avião Francês
O Sr. Eugéne Leonard vinha com a sua esposa em lua de mel para Portugal. Depois do acidente a caminho do hospital quase inconsciente perguntava desesperado aos tripulantes da ambulância pela sua mulher sem saber que ela tinha falecido no acidente.
O Sr. Eugéne Leonard único sobrevivente do acidente esteve internado no hospital da misericórdia de cascais queixando-se de dores nas costas e fortes dores no corpo e esteve privado de receber visitas.
Entre as vítimas contam-se nove grandes artistas franceses. Pode dizer-se que com a morte das primeiras figuras do grupo Ars Rediviva a Franca perde um núcleo dos seus bons valores espirituais contemporâneos. O agrupamento era altamente considerado em todo o mundo culto e conquistara os mais entusiásticos aplausos do público entendido.
O Grupo Ars Rediviva era um Conjunto instrumental especializado em música barroca, fundados na cidade de Paris, França, foram criados em 1935 e tiveram o fim da sua actividade em 1947 devido a este acidente.
Algumas obras musicais:
Johannespassion. BWV 245 (1941) com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
Concertos. Violino, orquestra de cordas, baixo contínuo. Fá maior. Op. 7, no 4 (1940) com Ars rediviva. Paris como intérprete
La Pantomime (1938) com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
Preparati, o mio core. H 574 (1937) com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
Suite em Sol menor (1937) com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
Lagrimo occhi mici (1937) com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
L’Emireno (1937) com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
Pastorella (1936) com Ars rediviva. Paris como intérprete
Sonatas. Violinos, baixo contínuo. Mi menor (1936) com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
Concerto em Fá maior Op. 7, nº 4 com Ars rediviva. Paris como intérprete
Sonata em Sol maior com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
Sonata em ré menor com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental
Concerto para flauta e orq. com Ars rediviva. Paris como intérprete
Concertos. Teclados, orquestra de cordas, baixo contínuo. Dó menor. BWV 1060 com Ars rediviva. Paris como conjunto instrumental