A neve em Sintra. Os dias que nevaram em Sintra foram: em 1944 na Sexta Feira dia 25 Fevereiro. Em 1945 em Janeiro dias : sexta-feira dia12, sábado dia 13, domingo dia 14 e terça-feira dia 16. Em 1954 Janeiro dia 31 domingo, dia 1 de fevereiro segunda-feira e dia 2 de fevereiro terça-feira. Em 2006 dia 29 de Janeiro.
A neve em Sintra no ano de 1944
Sexta Feira 25 fevereiro de 1944
Jornal de Sintra. Desde as primeiras horas da madrugada de sexta-feira que começou a cair em forma de farrapos, neve sobre Sintra; tornando-se mais abundante a partir das 6 horas. Toda a serra e regiões limítrofes ficaram cobertas por completo, devendo destacar-se o bairro de S. Pedro e Parque da Pena, que apresentavam um aspecto surpreendente, chegando a neve a atingir- uma altura variável entre 60 a 96 cm.
Imensos grupos de pessoas, não só desta localidade, como dos arredores e, ainda, de Lisboa, percorreram várias ruas desta vila, parques, jardins, etc, de modo a admirarem o espectáculo de tanta beleza panorâmica que apresentavam as árvores, as moradias, os campos, etc., alguns, absolutamente cobertos de neve, dando a ilusão dos mais viajados de estarem a admirar panoramas nórdicos.
A neve em Sintra. Não há memória em Sintra nos últimos 70 anos de cair neve desta maneira e em tanta quantidade, dando margem a que mãos habilidosas erguessem bonecos, de tamanho respeitável, e chegando a ponto de algumas pessoas percorrerem de ski os sitieis mais nevados.
O entusiasmo das pessoas era enorme, tendo-se esgotado nesta vila, todo o material fotográfico; pois todos queriam ficar com documentos de tal espetáculo, absolutamente inédito e que cremos, não deverá repetir-se por estes anos mais chegados.
Por volta das 16 horas na parte baixa de Sintra começou o degelo, mantendo.se, todavia, os píncaros da serra ainda fortemente salpicados. Tão maravilhoso espetáculo bem digno de ser filmado, deu margem a que pessoas viajadas garantissem que Sintra, coberta de neve abundante como estava, se assemelhava à Suíça.
Que encantadoras paisagens! Que maravilhosos quadros, tanto na serra como nos Parques e jardins. Ontem, sábado, ainda havia neve, mas nada digno de admiração, como na véspera, em que o fenómeno nos mimoseou com um quadro que jamais esqueceremos.
Diário Lisboa – A neve em Sintra
Tanto pediram vocês chuva que ela veio, pelo menos nos arredores de Lisboa, mais propriamente na região de Sintra, onde as plantas sequiosas beberam o líquido caído do céu, embora em forma de neve. Já ontem à tarde o Castelo dos Mouros viu coberta de alvura grande parte das suas pedras.
Durante a noite a neve continuou a cair. Resultou daí que esta manhã as pessoas que circularam nas zonas que rodeiam a serra, tendo como limites a Costa do Sol, Colares e Chão de Meninos, presenciaram um espetáculo surpreendente e inédito.
Uma camada espessa de neve que no Castelo dos Mouros chegou a atingir 70 centímetros, no Penedo 20 cm, em Colares 10, cobriu toda a região, branqueando os telhados, os muros, os campos, as estradas e dando às árvores por vezes, o aspeto de gigantescas árvores de Natal cobertas de algodão.
O Palácio da Vila, o Palácio da Pena, o de Seteais, a Quinta da Vigia, a de Santo André, em Chão de Meninos, o campo de futebol Conde de Sucena, junto do Ramalhão, tudo está coberto de neve.
A Serra de Sintra oferece, vista da estrada, um panorama de sonho. Basta dizer-se que é raro nevar na vila, e que e ultima vez que tal aconteceu foi há oito anos, num dia em que, como hoje, «andou a roda». Por sinal que então a sorte grande foi parar a Sintra o que, por analogia, fez com que muitos sintrenses esperassem hoje que também este fenómeno se repetisse.
A linha Sintra-Atlântico entre a vila e Colares, estava tão coberta de neve que até as chulipas desapareciam sob ela, chegando a pensar-se na necessidade de interromper o serviço.
A neve em Sintra no ano de 1945
Nevou na sexta-feira dia 12 janeiro, sábado dia 13, domingo dia 14 e terça-feira dia 16.
A neve em Sintra em janeiro de 1945, toda esta região apresentava paisagens espectaculares. A neve cobria casas, campos e estradas. Imensos mantos brancos se espalhavam pelas várias localidades da região de Lisboa, igualando as do Norte de Portugal onde essa situação sempre foi normal.
No ano anterior também esta região foi presenteada pela neve, mas em 1945, de acordo com as notícias divulgadas, foi maior a quantidade, embora com menos duração.
Na vila de Sintra a neve foi tão intensa que reduziu drasticamente a visibilidade, chegando ao ponto de nada se ver de um lado ao outro das mas. Toda a Serra se encontrava coberta e a ela acorreram inúmeros visitantes desejosos de assistirem a este belo espectáculo da Natureza.
Alguns compareceram munidos de equipamentos para a prática do ski, como foi exemplo dois rapazes e duas raparigas, vestidos com fatos adequados ao desporto de inverno.
No largo fronteiro ao Palácio da Vila foi construído um grande boneco de neve que despertava a curiosidade de muitos forasteiros. Ao longo da estrada de Lisboa a Sintra, o panorama surpreendia todos aqueles que por ali passavam. Os telhados das casas, os campos e as árvores apresentavam-se cobertos de neve, o mesmo acontecendo com os tejadilhos das camionetas de carreira que por ali circulavam.
O verde e o branco eram os tons constantes que se apresentavam em localidades e locais como Amadora, Ponte de Carenque, Queluz, Massamá, Cacém e Ramalhão. Os campos de futebol, como o do Conde de Sucena ( 1ª Dezembro) também apresentavam tapetes brancos com alguns decímetros de altura. Este espectáculo justificou o cortejo de automóveis que, cheio de gente, se formou em direcção à vila de Sintra.
Diário Popular – A neve em Sintra
Na vila de Sintra pode dizer-se que não havia um telhado, nem uma rua que a neve não cobrisse. A serra, com os castelos da Pena e dos Mouros debruados a neve, os seus palacetes, o seu arvoredo e os seus campos, sob a capa branca, oferecia paisagens surpreendentes.
A Ribeira, Galamares, Colares, a Praia das Maçãs, as Azenhas do Mar, tudo desaparecia sob toalhas brancas. De Lisboa a Sintra está tudo coberto de neve.
A neve em Sintra no ano de 1954
Nevou: 31 janeiro domingo, dia 1 de fevereiro segunda-feira e dia 2 de fevereiro terça-feira.
Diário de Lisboa. Em Sintra que a nossa reportagem percorreu hoje de manhã, nevou das 6 às 8 horas, e também cerca das 9, principalmente em S. Pedro. Uma camada de cerca de 15 centímetros de neve cobriu os campos e casas, deixando tudo totalmente branco.
A população saiu à rua apreciando o belo espetáculo e a miudagem aproveitou a oportunidade rara para fazer os clássicos bonecos, complemento inevitável dos nevões.
Em Chão de Meninos, os prados ainda se encontravam em grandes extensões, principalmente nas zonas sombrias cobertos da neve que caíra às primeiras horas do dia. E lá no alto no Castelo, também grandes manchas ainda alvejavam por entre as pedras vetustas.
À hora que visitamos Sintra cerca das 10:30, já o Sol tinha feito desaparecer grandes camadas mas nalgumas propriedades, entre as quais as do conde de Paris António Cardoso, ainda se podia ver uma espessa cobertura branca, bem como nos muros e veredas da Serra.
Os primeiros passageiros dos comboios da linha de Sintra que se dirigiram de manhã cedo para a cidade, foram surpreendidas pelo espetáculo dos campos e das pequenas colinas existentes entre Queluz e Amadora completamente brancas.
Terça Feira dia 2 fevereiro 1954
A neve em Sintra – Sintra coberta de um manto branco. O nevão do dia de hoje, tão copioso como ninguém se recorda de ter visto aqui, acentuou-se a partir das 11:10 e foi sempre em aumento até oferecer um espetáculo maravilhoso. A vila está coberta de neve, e mais ainda os arredores de S. Pedro onde os telhados se encontram revestidos de grande camada.
Muitas pessoas subiam à Serra para ver melhor o raro panorama. De Lisboa têm vindo muitos automóveis com curiosos Justificadamente atraídos, pelo espetáculo magnífico.
Qurta feira 3 Fevereiro
Diário de Lisboa – O fenómono esteve patente ontem aos nossos olhos um espetáculo de rara beleza, Lisboa coberta por um alvo manto de neve, autentica paisagens nórdica deslocada para a nossa latitude. E não tenhamos duvidas de que vimos o mais intenso e demorado nevão que se regista na memória dos vivos.
Durante cinco horas consecutivas, a neve caiu sobre a cidade em grandes flocos, agitados por um ligeiro vento de Noroeste, e acumulou-se, a partir das 15:30, sobre os telhados, os jardins e veiculos, numa toalha imaculada que se conservou de um dia para o outro.
Uma euforia desusada tomou conta de todos os Lisboetas que nao se cansaram de olhar para o céu e comentar o fenómeno, excitadissimos. Em muitos escritórios e outros estabelecimentos, á hora mais intensa do nevão, o trabalho foi momentaneamente abandonado.
Não se podia perder aquilo! Nas ruas a multidão de todos os dias esquecia-se por mentos dos seus afazeres, passeando-se debaixo da neve até os agasalhos ficarem brancos. Em muitos locais da cidade, as crianças cumprindo instintivamente a tradicão, atiravam neve umas as outras.
A neve em Sintra no ano de 2006
Dia 29 Janeiro de 2006
Sintra voltou a ser um sublime registo da criação da natureza. Como em fevereiro de 1944, fevereiro de 1945 e janeiro e fevereiro de 1954, agora numa intensidade mais reduzida, mas na mesma bela e surpreendente, voltou a oferecer um deslumbrante espectáculo, transformando os penhascos e veredas sintrenses, em mantos brancos de espesos flocos de neve, cobrindo arvores, fetos, musgos e caminhos.
A Serra e os seus cocurutos, aonde as estradas e percursos permitem chegar, encheram-se de carros e pessoas congestionando o espaço com a curiosidade e o proposito de ver e relembrar o toque, pisar ou brincar com a neve depositada aqui ou ali.
Durante o ano de 1944 e 1945 estávamos em plena segunda guerra mundial. As batalhas eram sangrentas, cruéis e ceifavam a vida a milhares de combatentes e civis. A brutalidade e crueldade da Batalha das Ardenas coincidia com os dias do grande nevão.
Em Sintra a população preocupada e receosa sentia a falta de alimentos , leite e medicamentos, no entanto a esperança de uma paz duradoura estava para breve. Eram tempos muito dificeis. Finalmente no dia 8 de Maio de 1945, os sinos recuperados da Torre do Relógio da vila de Sintra badalam violentemente dando noticia da pesada derrota das tropas de Adolf Hitler na segunda grande guerra.
O ano de 2006 foi o ultimo ano a nevar em Sintra. Esperamos que um dia voltaremos a ser brindados com tamanha façanha. Dia 29 janeiro foi tambem o ultimo dia em Sintra, em que as mulheres se vestiram todas ao mesmo tempo, de noiva.